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Filhos do Quarto

O quarto ainda é um lugar seguro? E a nossa casa? Será que ainda é?

O fenômeno da internet e da globalização nos atravessa de diversas maneiras e introduz em nossos lares demandas e problemas que não existiam décadas atrás.

O perigo encontra-se hoje dentro de nossos dispositivos eletrônicos e se apresenta de diversas formas, em diferentes aplicativos e plataformas. O aumento no consumo de internet por crianças e adolescentes já mostrava sinais preocupantes, e o fato é que esta tendência foi ainda potencializada pós-pandemia.

O problema é que crianças e adolescentes dependentes de eletrônicos apresentam apatia, tristeza, alta irritabilidade, agressividade, baixa tolerância à frustração, baixo desejo de socializar no mundo real, desmotivação, além de consequências desastrosas para o desenvolvimento integral.

Precisamos nos atentar ao fato de que embora a tecnologia avance a largos passos nos últimos anos, o desenvolvimento infantil ocorre no mesmo ritmo de sempre: crianças levam tempo para amadurecer!

Isso significa que existem questões que independem dos avanços sociais. A mente humana respeita ritmos naturais, por isso a criança ainda não é capaz de perceber os perigos nos quais pode se expor.

Precisamos usar a tecnologia com sabedoria e respeitar o ritmo de desenvolvimento das crianças, dosando o uso e tendo sabedoria com a permissão de algumas plataformas.

Nossos filhos precisam brincar ao ar livre, desenvolver o corpo, a mente, a criatividade, precisam socializar, precisamos garantir um desenvolvimento pleno em todas as áreas.

Por isso, volto ao mesmo convite: TIRE OS FILHOS DO QUARTO. TIRE OS FONES DE OUVIDO.

Não pense ingenuamente que, por estarem em casa, em seus quartos, estão seguros! HOJE O QUARTO É TÃO PERIGOSO QUANTO ERAM OS BECOS DE DÉCADAS ATRÁS.

Aceitem a realidade de que o mundo virtual também MATA. SE POSICIONEM, DIGAM NÃO! O NÃO AINDA SALVA.

Parem se preocupar com privacidade ou liberdade juvenil: entendam que ANTES disso tudo vem a PROTEÇÃO e a SEGURANÇA SOCIOEMOCIONAL E PSÍQUICA da criança ou adolescente.

VAMOS SALVAR NOSSOS FILHOS.

Segue abaixo o texto original na íntegra.

“Estou para escrever desde o dia que me peguei chorando por aquele garoto de 13 anos em São Vicente que, por uma brincadeira, veio a falecer. Não sejamos exageradas em dizer que só agora com advento da WWW temos perdido filhos. Eles faleciam também antes disso.

Mas antes perdíamos filhos nos rios, nos matos, nos mares, hoje temos perdido eles dentro do quarto!

Quando brincavam nos quintais ouvíamos suas vozes, escutávamos suas fantasias e ao ouvi-los, mesmo à distância, sabíamos o que se passava em suas mentes.

Quando entravam em casa não existia uma TV em cada quarto, nem dispositivos eletrônicos em suas mãos.
Hoje não escutamos suas vozes, não ouvimos seus pensamentos e fantasias, as crianças estão ali, dentro de seus quartos, e por isso pensamos estarem em segurança.

Quanta imaturidade a nossa.

Agora ficam com seus fones de ouvido, trancados em seus mundos, construindo seus
saberes sem que saibamos o que é…

Perdem literalmente a vida, ainda vivos em corpos, mas mortos em seus relacionamentos com seus pais, fechados num mundo global de tanta informação e estímulos, de modismos passageiros, que em nada contribuem para formação de crianças seguras e fortes para tomarem decisões moralmente corretas e de acordo com seus valores familiares.

Dentro de seus quartos perdemos os filhos pois não sabem nem mais quem são ou o que pensam suas famílias, já estão mortos de sua identidade familiar…

Se tornam uma mistura de tudo aquilo pelo qual eles têm sido influenciados e pais nem sempre já sabem o que seus filhos são.

Você hoje pode ler esse texto e amar, mandar para os amigos.

Pode enxergar nele verdades e refletir. Tudo isso será excelente.

Mas como Psicopedagoga tenho visto tantas famílias doentes com filhos mortos dentro do quarto, então faço você um convite e, por favor aceite!

Convido você a tirar seu filho do quarto, do tablet, do celular, do computador, do fone de ouvido, convido você a comprar jogos de mesa, tabuleiros e ter filhos na sala, ao seu lado por no mínimo 2 dias estabelecidos na sua semana a noite (além do sábado e domingo).

E jogue, divirta-se com eles, escute as vozes, as falas, os pensamentos e tenha a grande oportunidade de tê-los vivos, “dando trabalho” e que eles aprendam a viver em família, se sintam pertencentes no lar para que não precisem se aventurar nessas brincadeiras malucas para se sentirem alguém ou terem um pouco de adrenalina que antes tinham com as brincadeiras no quintal!”

Construindo famílias emocionalmente e espiritualmente saudáveis

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